Os Braços
Unidos, formavam um laço. Não sufocavam, nem se prendiam, estavam apenas ligados, envolvidos um no outro formando um contraste de cheiros e texturas. Eram também conforto e às vezes quando apertavam traziam alívio, parecia que a carga era dividida naquele simples abraço.
Eram o lugar onde se queria estar e para onde sempre se ia. O ponto de encontro. O elo entre dois corpos estranhos que já não se estranhavam mais. Eram também palavras indizíveis, impronunciáveis, intangíveis. O próprio sentimento abstrato em sua forma mais concreta.
Mas sendo um laço podiam ser atados e desatados muito facilmente e essa linha tênue entre envolvimento e a perda às vezes os transformavam em nó. Se isso se dava com o tempo ou com o mal jeito, ninguém no fundo sabia.
E eles enquanto nó estavam presos, apertados. Cada movimento brusco arranhava a pele e feria a alma. Cada tentativa de desatá-lo se tornava uma experiência dolorosa até que enfim se desprendiam e cada um partia com suas marcas. Marcas estas tão fortes e profundas que apagavam qualquer lembrança do que um dia poderia ter sido um laço, uma união.